AI, QUE SAUDADE!...
É tempo de lua cheia!
A saudade bate forte
No peito do ancião:
- Ai, que saudade, meu Deus!
Das noites tão estreladas,
Do luar da lua cheia,
Dos casais enamorados,
Moças bonitas e feias;
Do verde esparramado,
Da hora da Ave-Maria,
Do gorjear afinado
Saudando o final do dia!...
A visão das nossas noites
É puramente artifício!
Já não se veem as estrelas,
Veladas por edifícios;
Já não se fazem serestas
Nas noites, dentro das ruas;
Já não se enxerga a beleza
Que baila junto com a lua!
O verde, vai se trocando
Por poluição e dinheiro
E podados são os ares
Que vagavam tão faceiros!...
A hora da Ave-Maria,
É pura desolação:
É nesta hora bendita,
Que pranteia o ancião!