DEVANEIOS
É manhã. Calma.
Desperto-me lentamente...
Meus olhos, no entanto, não querem abrir-se.
Inesperadamente, algo toca meu coração,
Meu pensamento, todo meu ser...
Estremeço!
É a saudade de você, meu filho!
Entrego-me inteira aos meus devaneios.
Imagino você.
Na minha fantasia,
Formo-o nos seus quinze anos.
Nos seus quinze anos, filho!
Uma ternura enorme envolve-me!
Minha ilusão prepara um voo rápido
E, nas asas do meu sonho,
Embalada por um vento brando que sopra,
Transporta você para o presente.
Agora, de olhos cerrados,
Posso vê-lo! De mansinho, aproxima-se.
Posso quase tocá-lo!
É você, meu filho!
Numa face de anjo, um sorriso aberto.
Uns olhos tão lindos me olham de perto.
Mansa voz a dizer-me que está tudo certo.
Meu filho! Meu filho!
Como é bom tê-lo assim,
Mesmo que seja tudo irreal!...
Mesmo que o veja de olhos fechados,
Mesmo que o abrace de braços estirados,
Mesmo que minha visão seja efêmera...
O momento breve é que vale.
E você está comigo!
Tudo é rápido, porém...
Num sussurro que se mistura ao do vento,
Você diz que tem que ir.
Só alguns segundos Deus lhe concedeu para estar comigo!
Vá, meu filho,
Agora, o vento o conduzirá!
Meu sonho, minha ilusão, minha saudade
Ficam comigo.
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De leve, bem de leve,
Sua presença se exaure.
Tento abrir os olhos
E meus ouvidos se aguçam;
Nenhum ruído.
Até o vento foi-se embora...