DEVANEIOS

É manhã. Calma.

Desperto-me lentamente...

Meus olhos, no entanto, não querem abrir-se.

Inesperadamente, algo toca meu coração,

Meu pensamento, todo meu ser...

Estremeço!

É a saudade de você, meu filho!

Entrego-me inteira aos meus devaneios.

Imagino você.

Na minha fantasia,

Formo-o nos seus quinze anos.

Nos seus quinze anos, filho!

Uma ternura enorme envolve-me!

Minha ilusão prepara um voo rápido

E, nas asas do meu sonho,

Embalada por um vento brando que sopra,

Transporta você para o presente.

Agora, de olhos cerrados,

Posso vê-lo! De mansinho, aproxima-se.

Posso quase tocá-lo!

É você, meu filho!

Numa face de anjo, um sorriso aberto.

Uns olhos tão lindos me olham de perto.

Mansa voz a dizer-me que está tudo certo.

Meu filho! Meu filho!

Como é bom tê-lo assim,

Mesmo que seja tudo irreal!...

Mesmo que o veja de olhos fechados,

Mesmo que o abrace de braços estirados,

Mesmo que minha visão seja efêmera...

O momento breve é que vale.

E você está comigo!

Tudo é rápido, porém...

Num sussurro que se mistura ao do vento,

Você diz que tem que ir.

Só alguns segundos Deus lhe concedeu para estar comigo!

Vá, meu filho,

Agora, o vento o conduzirá!

Meu sonho, minha ilusão, minha saudade

Ficam comigo.

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De leve, bem de leve,

Sua presença se exaure.

Tento abrir os olhos

E meus ouvidos se aguçam;

Nenhum ruído.

Até o vento foi-se embora...

NEUSA RAMOS
Enviado por NEUSA RAMOS em 03/06/2014
Código do texto: T4830951
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