AS CORES DA SOLIDÃO
Estou pensando em pintar a choupana,
muitas cores na mente, desfilando vão,
como nunca vem ninguém nessa cabana,
penso em usar só as cores da solidão.
Uma cor morta na pequena chaminé,
outra sem vida na porta e na janela,
o telhado não pinto, e coberto com sapé,
e tem uma cor que me lembra tanto ela.
No pequeno quarto, usarei a cor preta,
vai ficar escuro, ornando com a parede,
não pintarei, onde dorme a borboleta,
e também não, onde ficava sua rede.
Se encontrasse a cor de uma tristeza,
ou qualquer uma outra, que ela imita,
o rancho só tem as cores da natureza,
é tudo natural, onde mora o eremita.
Se pintar não terei nenhuma facilidade,
pois nunca tive contato com pintores,
o que conheço é a cor de uma saudade,
que vejo sempre no voar dos beija flores.
Sem pintar, ela já tem uma negrura,
desde que a cor da alegria foi extinta,
tudo aqui, tem os tons da amargura,
outra cor, temo que a vida não consinta.
Desses produtos não tenho nenhum,
tintas não existem aqui nessa mata,
descobri somente um pé de urucum,
que está maduro ao lado da cascata.
Deixarei como está, junto da floresta,
onde tenho meu verde e o céu azul,
de manhã, o passarinho fazendo festa,
a noite a lua, e o lindo cruzeiro do sul.
Foto de Lu GenoveZ
Estou pensando em pintar a choupana,
muitas cores na mente, desfilando vão,
como nunca vem ninguém nessa cabana,
penso em usar só as cores da solidão.
Uma cor morta na pequena chaminé,
outra sem vida na porta e na janela,
o telhado não pinto, e coberto com sapé,
e tem uma cor que me lembra tanto ela.
No pequeno quarto, usarei a cor preta,
vai ficar escuro, ornando com a parede,
não pintarei, onde dorme a borboleta,
e também não, onde ficava sua rede.
Se encontrasse a cor de uma tristeza,
ou qualquer uma outra, que ela imita,
o rancho só tem as cores da natureza,
é tudo natural, onde mora o eremita.
Se pintar não terei nenhuma facilidade,
pois nunca tive contato com pintores,
o que conheço é a cor de uma saudade,
que vejo sempre no voar dos beija flores.
Sem pintar, ela já tem uma negrura,
desde que a cor da alegria foi extinta,
tudo aqui, tem os tons da amargura,
outra cor, temo que a vida não consinta.
Desses produtos não tenho nenhum,
tintas não existem aqui nessa mata,
descobri somente um pé de urucum,
que está maduro ao lado da cascata.
Deixarei como está, junto da floresta,
onde tenho meu verde e o céu azul,
de manhã, o passarinho fazendo festa,
a noite a lua, e o lindo cruzeiro do sul.
Foto de Lu GenoveZ