NOITE SEM FIM

Chega a tardinha

Meu deus!

A escuridão está chegando

E tão longa ela é

Que tamanha vontade tenho

De esconder-me em um canto qualquer.

Não vejo liberdade à tardinha

Escrava sou de lembranças passadas

Do amor inacabado

Do meu amado tio

Que sequer adeus me disse

E para sempre se foi

Aquela tardinha

Que a casa da família

Retornava meu pai

Com a janta na mesa

Todos tinham de estar presentes

Hoje...

Não há mais janta na família

Não há retorno do meu amado pai

Ninguém presente está mais

À tardinha, da terrinha,

Nem pensar.

Não há mais goiabada com leite

Não há mais sonhos

Nem pinheirinhos aos meus sussurros ouvir

Não há mais colo de mãe

Nem carro sujo de terra e lama

Lambari a beliscar

Nem codorna no jantar

Não há a tio a me acalentar

Nem pai a brigar

Deus de meus pais,

De meu tio e tia

Anjos que a mim guardam

Tragam-me de volta os sonhos

O cavalgar entre montanhas

Na liberdade infinita

Que lá sempre senti

Peço a todos vocês

Que sei, jamais, deixaram de me amar,

Que me ajudem a ninar

LAUDICÉRIA VERARDO
Enviado por LAUDICÉRIA VERARDO em 28/05/2014
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