NOITE SEM FIM
Chega a tardinha
Meu deus!
A escuridão está chegando
E tão longa ela é
Que tamanha vontade tenho
De esconder-me em um canto qualquer.
Não vejo liberdade à tardinha
Escrava sou de lembranças passadas
Do amor inacabado
Do meu amado tio
Que sequer adeus me disse
E para sempre se foi
Aquela tardinha
Que a casa da família
Retornava meu pai
Com a janta na mesa
Todos tinham de estar presentes
Hoje...
Não há mais janta na família
Não há retorno do meu amado pai
Ninguém presente está mais
À tardinha, da terrinha,
Nem pensar.
Não há mais goiabada com leite
Não há mais sonhos
Nem pinheirinhos aos meus sussurros ouvir
Não há mais colo de mãe
Nem carro sujo de terra e lama
Lambari a beliscar
Nem codorna no jantar
Não há a tio a me acalentar
Nem pai a brigar
Deus de meus pais,
De meu tio e tia
Anjos que a mim guardam
Tragam-me de volta os sonhos
O cavalgar entre montanhas
Na liberdade infinita
Que lá sempre senti
Peço a todos vocês
Que sei, jamais, deixaram de me amar,
Que me ajudem a ninar