ENQUANTO ME REVIRO EM MEUS LENÇÓIS
O cheiro ainda desfia o tecido jogado pelo meu corpo,
ainda desatina a dor que escorrega pelo meu rosto
ainda fecha meus olhos e os faz ver você...
As lágrimas ainda dançam pelo meu corpo, respigam
no som abafado do tecido já molhado pelo desaguar
deste infinito olhar que não para, não deixa de recordar.
São mãos que procuram, desesperadamente no
desespero uma forma de escapar do apego. São braços
que envolvem o vento na tentativa de recordar o tempo
em que o tempo parava quando em seus braços...
São lábios que se perdem no amargo do desejo, de um
beijo nunca antes por ele tocado.
É meu corpo no vazio, no abismo novamente entrelaçado
por tecidos cor de cheiro, desejo e amor... São palavras
ditas perdidas por entre as paredes. São olhares que agora
me olham no assombroso vazio...
Sobre os ombros a culpa, devasta, devastadora corrompe,
corrói, destrói e desfibrila meu coração, já lavado pelo
remorso e saudade, setenta batimentos que machucam da
base ao ápice me joga no chão...
O fardo cada vez mais pesado agora sofre uma nova
pressão. Ao amor permanecido surge o um novo coração...
Ao já ferido o que resta é o acaso, o erro, o peso, o fardo,
o amor perdido, o último beijo, o abraço.
Resta a cama fria, e meu próprio corpo que desatina na
escuridão. Saw the world turning in my sheets...