ENQUANTO ME REVIRO EM MEUS LENÇÓIS

O cheiro ainda desfia o tecido jogado pelo meu corpo,

ainda desatina a dor que escorrega pelo meu rosto

ainda fecha meus olhos e os faz ver você...

As lágrimas ainda dançam pelo meu corpo, respigam

no som abafado do tecido já molhado pelo desaguar

deste infinito olhar que não para, não deixa de recordar.

São mãos que procuram, desesperadamente no

desespero uma forma de escapar do apego. São braços

que envolvem o vento na tentativa de recordar o tempo

em que o tempo parava quando em seus braços...

São lábios que se perdem no amargo do desejo, de um

beijo nunca antes por ele tocado.

É meu corpo no vazio, no abismo novamente entrelaçado

por tecidos cor de cheiro, desejo e amor... São palavras

ditas perdidas por entre as paredes. São olhares que agora

me olham no assombroso vazio...

Sobre os ombros a culpa, devasta, devastadora corrompe,

corrói, destrói e desfibrila meu coração, já lavado pelo

remorso e saudade, setenta batimentos que machucam da

base ao ápice me joga no chão...

O fardo cada vez mais pesado agora sofre uma nova

pressão. Ao amor permanecido surge o um novo coração...

Ao já ferido o que resta é o acaso, o erro, o peso, o fardo,

o amor perdido, o último beijo, o abraço.

Resta a cama fria, e meu próprio corpo que desatina na

escuridão. Saw the world turning in my sheets...

Arthur Luz
Enviado por Arthur Luz em 25/05/2014
Reeditado em 25/05/2014
Código do texto: T4820028
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