SAUDADE
(Sócrates Di Lima)
Esta saudade bandida,
Que rasga e se aloja em meu peito,
É como uma tarde dormida,
Que me pega sem jeito,
Sem hora pra chegar,
É saudade, assim, do tipo sofrida,
Bem e mal querida,
Que quer me acabar.
Uma doce saudade amanhecida,
Que como a tarde,
Ah! Saudade!
Não quer me deixar.
Uma saudade feia e bela,
Que pinta Minh ‘alma,
Em tela vazia,
Nas cores da aquarela,
Como a brisa me acaricia,
Vicia,
Na sua tênue calma.
Saudade de tantos,
Momentos de ternuras,
De tudo,
sobretudo,
de tantas,
Loucuras.
E como toda saudade,
Lembra-me dela,
E assim me invade,
Singela,
Fina,
Tal qual a menina,
sem medo,
e coms eus segredos,
ao longe me vela.
Uma saudade Narcisa,
Que me olha no espelho d’alma,
Doce e vaidosa,
Tem cheiro e paladar,
Silenciosa,
Insiste em não me deixar.