Mito Verde

Mito verde

Pesa a cruz de íris: cautelosa,

taciturna e profana a quem compreende.

Pulsa a forma da matéria e se desprende

em constante e infinita nebulosa

Quando já metafísica. ó mistificação

de um globo espaçado em face aguda,

com a pele exposta e a língua muda

de um corpo desprendido da razão

O torpor do espasmo, ao mentir

uma sinapse perdida em rota abismal,

rota feita, fundida, em sentido carnal

carne do passado, que torna a pungir

ou se perde e finda na inércia, em paz,

ou condensa o canto na ambição sem cor.

Sempre, porém, na multidão de dor

de meu peito em crosta se refaz

e invade a íntima expressão da hora

que pelo corpo a mente cartográfica caminha:

transcende a vida e a duplicidade definha

com a hipérbole animalesca da ilusão do agora!

Anjos brutos, não deste plano universal

fincaram seu implante no duplo hemisfério

e retornaram, em gozo, ao seu longínquo império

e me puniram com a pior obstrução mental

Heitor de Lima
Enviado por Heitor de Lima em 18/04/2014
Reeditado em 18/04/2014
Código do texto: T4773865
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