O dia seis de cada mês.
Nem havia me lembrado...
Mas hoje é dia seis.
Ah...saudade insuportável,miserável.
Dolorida.
Pai,o teu retrato,repousa no móvel,que não se foi.
Não te beijo mais como antes,desculpa.
A minha culpa de te amar tanto assim, é tua.
Lá,naquele lugar...já não vou tanto,o pranto de
beijar-te frio...demora a passar.
As "ruas",por lá,já me conhecem...o vento frio,quando eu entro...
Me conduz...eu sei que o anjo é luz,mas te queria por perto.
Ah...meu pai,hoje a raiva me domina,só agora...
Por que te levarm embora de mim?
Estúpido,cruel,covarde...
Sorte da morte,eu não saber o seu "paradeiro".
Tiros pai?sete tiros...meu pai.
Tira-me daqui,vamos fugir desse lugar...
Sem sangue derramado,sem inventário,sem as tuas roupas
para eu "cuidar"!
Faz tanto tempo...foi ontem aqui dentro.
Sinto o cheiro da ameaça,horas confusas,intrusas,insolúveis.
O laudo,é terrivel...que vontade de rasgá-lo em mil pedaços.
Mas,não consigo.Escondo.
Choro...meu pai,choro sim,não te escondo...choro contigo.
Era tão cedo ainda...demorei tanto a saber...
Não pude limpar as suas feridas,me pouparam,me amarraram...
Eu estava partindo junto...me doparam...meu pai.
Dormi no teu terno, no teu frágil peito de pai.
Nas tuas mãos,no teu silêncio insuportável...beijei-te tanto.
E as coroas meu pai...quantas flores vivas,no teu peito morto.
Homenagens...meu pai,eu recebi por você.
Eu,a filha do meio.
Meio sem jeito,meio sem respeito,por essa morte estúpida e cruel.
Amo-te tanto,sei que me amas também.
Perdoa...eu não ter chegado antes da hora,
Perto das vinte uma horas...que te levaram de mim.
Da tua filha do meio,que te ama eternamente.