SOPRO


Eu sopro teu rosto, assim,
(meu rosto, invisível)
Para que te lembres de mim.

Deixo passos silenciosos
Pelo corredor da casa,
Deixo cair uma gota mínima
Do perfume que eu usava.

Mexo as saias das cortinas
Para que te lembres de mim,
Nos tempos em que eu dançava.

Eu venho naquela música
-Lembras? - que eu tanto gostava,
Derrubo em teu colo a flor seca
Que as páginas do livro marcava.

Me deito ao teu lado, assim,
Para que sonhes comigo,
Para que te lembres de mim.

Mas sei que um dia, me esqueces,
(As fotos amarelecem)
Cai a flor sêca no chão
(Tu a pisas sem notar...)

Outros perfumes virão,
Outros risos, outras danças,
Outras formas de viver:
-E então, será minha hora,
De finalmente,  morrer...




 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 10/04/2014
Reeditado em 10/04/2014
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