outro brilho

*

noutros olhos encontrei o último dos brilhos.

moribundo.

noutros tempos suspiraria apaixonado por aqueles globos

q alumiariam até a alma do condenado q caminha à execução.

os tempos são outros. minh'alma já conheceu a forca.

noutras ruas procurei despretensioso por aquele brilho.

inutilmente.

noutras vistas encontrei a paz.

nos vadios dormindo bêbados pelas calçadas.

nas putas q abocanham toda sorte de paus.

nos pedros de terno surrado q caminham com sua apática paz rumo ao abatedouro de seu senhor.

nada brilhava.

noutras ideias pensei poder encontrar diante do espelho.

olhei. olhei. olhei.

nada.

senão meus olhos fundos. roxo da insônia. vermelho do álcool.

ali. fixo.

lágrimas faltaram para lamuriar a vida.

noutros caminhos percorri.

arrastando a tiracolo minh'alma amarrada pelo pescoço.

procurando descanso entre os homens de bom coração.

estremi. em seus corações de pedra só habita a paz.

*

muito depois.

depois mesmo de todas as ruas.

depois mesmo de todos os sóis. depois mesmo de todas as noites.

depois mesmo de todos os vinhos putas deuses espermas paixões.

depois mesmo de todas as blasfêmias.

vazei-me os olhos.

*

geovanne otavio ursulino
Enviado por geovanne otavio ursulino em 04/04/2014
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