O DEPOIS

A minha conta

Tem nossos nomes nos muros

Ainda vivos

Tem a luz odiosa dos fatos ainda frescos

Suas palavras cuidadosas

Um sinal captado pelas antenas dos mexericos

Uma rua carbonizada dentro de nós

Onde ninguém anda, há não ser eu e meu silencio

A minha conta

Tem as estrelas que ainda não partiram

Sua sombra que comigo anda

A lata vazia que chuto na rua

O som do mar

O alcool

O cheiro acre dos becos

A vida que teima em se abrir

O amanhã

O depois

E sabe se lá o que mais

Contra mim

A ausência sua

A fome dos meus olhos

A falta de ternura

A falta de sono

A vida crua

Os olhares piedosos

O incêndio da esperança

As obrigações, a rotina

A lembrança que atormenta

A vida que segue, que não termina!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 29/03/2014
Reeditado em 29/03/2014
Código do texto: T4748335
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