Hoje sou passado.
Na madrugada,
viste que a luz da estrela se apagou
e a lua de sons enamorados se calou,
que o vento foi por nuvens escondido
e o mundo por teu silêncio invadido?
O nada sussurrou assustadoramente,
o ar emudeceu meu coração ardente
na onda, que sem espumas, suspirou.
O mar nem agitar-se podia.
No amanhecer
não sentiste o raio que te espia,
nem a avezinha cantar em melodia?
Sem o azul do céu que nos cobria,
as flores perderam as suas cores,
a brisa foi soprando a solidão
nas folhas que rolavam pelo chão.
Não houve mais suspiros nos amores.
O dia, nem brilhar conseguia.
Ao entardecer,
o sol partiu com meus encantos,
o verde foi fugindo por recantos,
na beleza que deixaste entrever.
Sombras na jornada dos meus dias.
Numa lágrima, sem ter onde chorar,
restou, no poente desta vida fria,
uma pobre alma, sozinha, a divagar.
Na noite, meu sonho se perdia...