Insana busca

Insana busca

Divago por entre lembranças

dum amor que escuso, não morto e ainda férvido.

E que por mistérios premidos em meu peito

jamais se calaram os bramidos dos meus pensamentos.

Por noites afora, em silêncio, ainda a chamo, gritando o seu nome.

Sem ter outro jeito, busco em outros braços, seu abraço

e em outros leitos, outros corpos, seu toque, seu beijo...

Ah! ainda bebo em sua fonte ,

que agora salobra só salga a minha alma.

A sede não sacio sem mais poder ter,

nem sentir, o seu cio.

Só, me desmorono e desaguo em choro.

Total me recolho à minha camarinha,

lhe ponho entrelinhas,

lhe escondo em meu anverso,

entre versos e em tudo que escrevo.

Divago por entre as mais cruas dores

dum amor retraído, ainda vívido, e em mim absorto.

Se pérfido e sem nexo é esse encontro,

em outros corpos, tão louco...

Se um cordão imaterial sempre insiste

em atrelar-se ao seu sexo,

é justo encontrar-lhe em meus sonhos,

nos meus reais, plenos e desvairados gozos.

Beto Acioli

19/03/2014