Mais um dia.
Mais um sol.
O brilho incessante a
espelhar nas águas
imagens distorcidas,
sentimentos triturados,
palavras secas 
a infundar
num mar de hesitações.

Mais um dia.
Entardece sangrando-se aos poucos.
A hemorragia tímida de vermelhos 
fugidios.

Não se sabe se este é o
derradeiro dia.
Se amanhã ainda haverá
o alvorecer...
a tingir de cor lentamente
a cidade, o mar 
e as pedras.


Há muita poesia nas pedras...
Há tanto lirismo na conversa
entre as pedras e o mar.

Há tanto poema escrito na
linha do pôr do sol.
Derramando-se sobre nós.
Derramando-se em nós
e seguindo...


Nos céus,
no chão, nos caminhos
ainda não trilhados...
não conhecidos.

Quanto a nós,
só resta esse dia final.
A morte de um dia inteiro,
diante de nossas retinas
entediadas...
cheias de lágrimas 
não vertidas...

Esse velório tácito do tempo.

Não vou chorar.
Não vou dramatizar.
A dor da saudade
não excluirá 
a beleza do amor.

Principalmente do amor impossível.
Do vértice que ampara
o infinito de nós
enterrado em
nossos corações.

Não se há tragédia.
Se há romance.
Se afinal, a ironia que perpassa
agora
galopante sobre o vento
que sopra 
tanta saudade
num ritmo especial
típico de um dia final.


 
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 01/03/2014
Código do texto: T4711339
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.