Atrás da porta
Atrás da porta
São dezenove horas e trinta e onde está você?
Há um silêncio no jardim,
Mas deixei a porta destrancada...
Vejo, de soslaio, a fechadura incólume;
De repente, um cisco no meu olho me provoca uma lágrima:
Carne, legumes, saladas, corto cebolas pro jantar -
Eu não saberia, sem você, observar se no firmamento existe lua.
Ouço aquela música, "aquela", lembra?
Da tua voz que me dizia que contigo
o meu céu teria estrelas.
Cante agora para mim!
É preciso uma canção nova
para aquela que espera ele voltar,
A tal amada, que tricota o tempo
em traços leves de solitude
como o sol se põe para a noite chegar.
São para ele todos os versos que ela escreve.
Um vento desonesto hesita no portão.
Às pressas, ela levanta o seu olhar;
Suas mãos encostam a porta com saudade
E por uma fresta ela sonda se ele voltou.
Não li história mais profunda de esperança:
A tal amada ainda levava nos dedos
Duas alianças.
Denis Rafael Albach