Atrás da porta

Atrás da porta

São dezenove horas e trinta e onde está você?

Há um silêncio no jardim,

Mas deixei a porta destrancada...

Vejo, de soslaio, a fechadura incólume;

De repente, um cisco no meu olho me provoca uma lágrima:

Carne, legumes, saladas, corto cebolas pro jantar -

Eu não saberia, sem você, observar se no firmamento existe lua.

Ouço aquela música, "aquela", lembra?

Da tua voz que me dizia que contigo

o meu céu teria estrelas.

Cante agora para mim!

É preciso uma canção nova

para aquela que espera ele voltar,

A tal amada, que tricota o tempo

em traços leves de solitude

como o sol se põe para a noite chegar.

São para ele todos os versos que ela escreve.

Um vento desonesto hesita no portão.

Às pressas, ela levanta o seu olhar;

Suas mãos encostam a porta com saudade

E por uma fresta ela sonda se ele voltou.

Não li história mais profunda de esperança:

A tal amada ainda levava nos dedos

Duas alianças.

Denis Rafael Albach

DENIS RAFAEL ALBACH
Enviado por DENIS RAFAEL ALBACH em 12/02/2014
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