ÁCIDO E SALITRE

calei-me !

e tanto a dizer tinha

e dor que não continha

pé, que ferido caminha

alma, que sedenta definha

mas calei-me!

e falar queria

e gritar devia

e chorar podia...

meu olhar plácido

meu destino ácido

e o silencio qual salitre

mudo, intangível alvitre!

palavras, palavras

- mil e tantas palavras!

e outras tantas travas.

verbos, substantivos; sujeitos !

e no centro, meu defeito

a mudez,

a timidez!

assim, o tempo

e o vento

levaram-te de mim

deixando-me assim

cheio de monossílabos

carregando mil polissílabos

e a tristeza

pela dura certeza

que tinha mais a dizer...

antes da acidez salitrada

do silencio me corroer!