O mundo que perdi



Quando deixei Wonderland
senti uma saudade atroz;
da mesa de açúcar-cande,
do coelhinho veloz;

do Chapeleiro Aloprado,
do gato desvanecente;
daquelas flores do prado,
que falavam como gente.

Saudade só não guardei
daquela rainha má,
e por isso me mandei,
retornando para cá.

Hoje vivo muito triste
num mundo muito real:
pois em algum lugar existe
uma terra surreal,


um lugar extravagante,
onde o tempo não existe;
tudo passa num instante,
não percebes, não caíste

na toca do coelhinho
no mundo embaixo do mundo,
não saíste do teu ninho,
nunca desceste tão fundo.

Mas eu, Alice, e só eu
ao invés da gente grande,
foi somente quem desceu
ao mundo de Wonderland.

Queria tomar o chá
como um dia lá tomei,
queria voltar pra lá,
salvar da rainha o rei,

rever os amigos loucos
que nunca mais pude ver,
hoje amigos são tão poucos,
mais amigos quero ter.

Quem tem a mente vazia
não entende a minha dor:
não conhece a fantasia,
que é irmã gêmea do amor.



Nota: "Alice no País das Maravilhas" é uma novela de fantasia escrita pelo autor norte-americano Lewis Carrol e publicada originalmente em 1865. Walt Disney adaptou-a em um esplêndido desenho de longa-metragem, em 1951.
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