SOLIDÃO DISTANTE
Aos emigrantes
Ó Andorinhas de asa solta,
Que minha saudade trazeis,
Dizei-me na próxima volta
Se minhas penas conheceis.
Naquela aurora que vivi
Ao ver-vos em sinuosos giros
Uma angústia eu descobri
Entre lágrimas e suspiros.
Sofrendo estou desmotivado
Desencontrado de razão
Nesta azáfama desterrado
Sem condimento e condição.
Passo todo o tempo a sonhar
Com o vosso alegre recorte
Que me faz sempre lamentar
Não ter conseguido outra sorte.
Os meus dias e minhas horas
Quero, andorinhas, que saibais
Que não tolero estas demoras
E muito menos sofrer mais.
Desde há muito que vos espero
Na minha brumosa quimera
Tirai-me do exílio severo
E devolvei-me a primavera!
Frassino Machado
In CANÇÃO DA TERRA