café contigo
vermelho na terra roxa do quintal
tu o colhias, galho a galho
como se fossem milhões de pés
com tuas mãos azuis, calejadas
em um ritual de esperança e fé
depois o deixavas dias secando
ali mesmo, sobre a alva calçada
de manhã os espalhavas co' a enxada
já secos, extraías os grãos no pilão
teu suor sagrado pingava
em gotas de pura emoção
logo o torravas no torrador
com lenha colhida no quintal
o cheiro penetrava-me as narinas
e toda vizinhança de Londrinas
depois de esfriado só um cadinho
era hora de usar o velho moinho
minutos depois já estava no coador
aroma da felicidade
do verdadeiro amor o sabor
doce e adorado velho "Dega"
que bodega!
hoje todo café cheira saudade.
Benvinda Palma