Filho que volta
Parece que nada mudou,
só o silêncio incomoda.
Portão, pintura descascada, jardim pouco cuidado.
Escassez de vida nas suas múltiplas formas.
Com o olhar, busco com o coração apertado,
envolto nas lembranças, as minhas origens.
Invado em silêncio, o portão, a pequena varanda....
Chego a porta que tantas vezes passei.
O angustiante silêncio permanece.
Viro a maçaneta meio descrente,
afinal, muitos anos se passaram.
Mas a porta continua aberta, sempre à espera.
O silêncio, o nó na garganta, o medo do porvir.
Cômodo a cômodo percorro, tudo parece igual, nada mudou.
Na minha memória ouço vozes, gritos, risadas....,vida.
Só me resta a cozinha, última esperança.
De pé, diante do fogão, a minha querida mãe cansada.
Já não tem seu velho companheiro, meu pai amado, que partiu.
Chamo com a voz embargada pela emoção: - Mãe!
Que com os olhos arregalados se vira, e diz: - Filho! Você voltou!!!