Filho que volta

Parece que nada mudou,

só o silêncio incomoda.

Portão, pintura descascada, jardim pouco cuidado.

Escassez de vida nas suas múltiplas formas.

Com o olhar, busco com o coração apertado,

envolto nas lembranças, as minhas origens.

Invado em silêncio, o portão, a pequena varanda....

Chego a porta que tantas vezes passei.

O angustiante silêncio permanece.

Viro a maçaneta meio descrente,

afinal, muitos anos se passaram.

Mas a porta continua aberta, sempre à espera.

O silêncio, o nó na garganta, o medo do porvir.

Cômodo a cômodo percorro, tudo parece igual, nada mudou.

Na minha memória ouço vozes, gritos, risadas....,vida.

Só me resta a cozinha, última esperança.

De pé, diante do fogão, a minha querida mãe cansada.

Já não tem seu velho companheiro, meu pai amado, que partiu.

Chamo com a voz embargada pela emoção: - Mãe!

Que com os olhos arregalados se vira, e diz: - Filho! Você voltou!!!

Alberto Souza
Enviado por Alberto Souza em 20/10/2013
Código do texto: T4533746
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