Lamentação

Te perdi, ainda absorto em minha catarse não me acho

Acho que das ilusionistas você foi a melhor,

E eu ilustre pagante, iludido,

Aplaudo de camarote meu epílogo, trágico, dramático

Procurei em minha mente um motivo,

Pra você, parece que não ligo,

Não digo, me perco mais uma vez

Não sei o que Deus me reserva

Chego a clamar por Minerva um pouco de sanidade

Lembrar de você ainda dói,

Úlcera profunda que me lembra saudade

Tem piedade, não me falta vontade, já é tarde

Agora vago em meu turbilhão sozinho,

Minguando rápido, desalinho

Sou porco andando em vara sem ancestral

Sou fazendeiro sem chiqueiro,

Sem dinheiro, estou baixo-astral

Olhar me dá medo, anseio teu beijo,

Teu cheiro, teu seio, me socorre

Sou maltrapilho, andarilho,

Desalinhado em minhas avenidas

Me dê uma esmola, uma escora,

Quero somente tua sola para engraxar

E poder ver teu rosto, tua tez a brilhar,

Que insensatez, meu penar

E pensar que já estive feliz, agora há pouco,

Tinha-te só minha, minha andorinha,

Que sozinha não fez verão,

Uni-me a teu corpo, tão meu e te esfriei, fizemos primavera

E na última quimera colocamos nossos corpos

Me perdi totalmente, fico esperando, espreitando,

Teus abraços, teus passos, teus rastros me levam a devassidão

Não quero contar a ninguém, quero voltar a ser teu,

Amor, marido, inimigo quem sabe

Coloco-me a teu dispor, meu amor, me busca de volta

Te espero na porta, balanço o rabinho

Sou tua ovelha desgarrada, pássaro fora do ninho

Quem dera chegar a primavera,

Aninhar-me em tuas pernas, morenas, pequenas, floridas, perdidas, tão minhas

Continuo a vagar, hoje como mágico me acabo,

Deixo meu simples recado, num tentativa frustrada

De realizar a mágica de te fazer voltar

Gabriel Amorim 18/07/2013

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Gabriel Melo Amorim
Enviado por Gabriel Melo Amorim em 10/10/2013
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