Promessa
Insônia, amiga que me tira o sono.
Vida, amiga que me toma a paz.
A angústia lampeja no meu peito com estrondo
Consumindo minha sanidade, como a lepra faz.
Procuro uma ajuda superior.
Olho para a lua. A lua uiva para mim.
E me diz que não sou nada, apenas inferior
Apenas mais um na multidão, enfim
Complemento nulo.
Como um covarde, decido agir.
Me despeço dos amigos que um dia nunca tive
E tropeço pelas ruas, até o porto em que vou partir
Fugindo do lugar em que nunca me senti livre.
Sem saber nadar, pulo nas águas da verdade.
Sinto um frio imenso, meus pensamentos são confusos.
Começo a desmaiar, perco o senso de realidade.
E tudo se apaga.
Delírios de uma noite de verão. Eu sonho.
Vejo as três mulheres. Uma delas chora e me bate.
A outra me aponta, ela me julga, suponho.
E a última ri. Ri, porque da vida saí sem empate.
Acordo. O desespero toma conta de mim.
Nado. A minha vida quero ter outra vez.
Choro. Descobri um desespero, enfim.
E me assusto, ao lembrar o que a mulher fez.
Chorou, se importou.
Noites depois, acordo. Insônia.
A depressão aluga minha mente.
Vejo arrependido, uma mulher, atônita
Mas desta vez, aperto o gatilho. Ninguém sente.
Complemento nulo.