Solidão

Solidão

E ali sentava Roberto, quieto, calado

Sentava-se no banco da praça,

Com o velho copo de uísque ao seu lado

Ali estava ele, vítima do inexorável destino

Um pequeno grão de solidão, na floresta da amargura

Foi no 25 de Dezembro, sabe-se lá o ano

Juntos ele e Marisa compravam presentes delicados

Haviam se casado há dois anos

Pobres adolescentes consumidos pelo amor, até por demais

Fitas e papeis coloridos foram comprados

Alegrias de sobrinhos e primos distantes

Haveria ali, no casal, uma emoção gritante?

Porque se casar quando não há amor?

A insegurança tomava as cabeças, e a sala de jantar

As bolas natalinas tintilhavam junto à taça de licor

Roberto e Marisa felizes comemoravam fim

Fim do casamento? Onde está o amor? O fim do ano?

Marisa sempre viveu intensamente

Engenheira de ofício, muito bem formada

Não satisfeita mantinha caso com um de seus clientes

Roberto, o bobo apaixonado nunca saíra de seu lado

Oh pobre amante, nunca sabera viver desconsolado

Vivera casado sozinho e agora sozinho estava preso

Amar é não ser livre, porém feliz, o que é a liberdade afinal?

Sentar-se num banco de praça

Pensar, beber uísque ou cachaça

Rir de namoros escondidos, chorar pelo coração partido

Roberto experimentava a desgraça

Estava ele ali, inabalável, centrado, desconsolado

Como abalar intensamente um corpo frágil?

Olhando em volta na praça, crianças brincando

Roberto, consigo mesmo refletira

“Brinquem crianças, viver é uma grande brincadeira”

Roberto feliz lembrara os presentes que embrulhara

E a felicidade que nas crianças iria causar

Pobres meninos, simplesmente bobos

Bobos, mas não solitários como um louco

O que sobrara para Roberto era pouco

Vida “mansa” de um coração arrependido

Pensar muito, agir pouco e ser consumido

“Oh Marisa o que fizestes comigo?”

O que restara para Roberto era a insanidade das crianças

E a inocência dos loucos

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Gabriel Melo Amorim
Enviado por Gabriel Melo Amorim em 02/10/2013
Código do texto: T4507929
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