POR ONDE ANDO
(Sócrates Di Lima)
Por onde ando,
Senão pelas calçadas,
Em um só comando,
Em ruas e estradas.
Por onde ando,
Sobre rios e mares,
Sem velas sem asas mas voando,
No sopro dos ventos sem olhares.
Por onde ando,
Senão por dentro de mim,
Em meu dorso sigo cavalgando,
Seguro em rédeas do sem fim.
Por onde ando,
Senão nas lembranças,
Nas saudades em que desando,
Perdendo-me nas minhas cobranças.
Ando pelas enxurradas,
Das chuvas avassaladoras,
Ou em gotas sólidas lacrimejadas,
Produzidas nas encubadoras.
Ando nos becos lamacentos,
Em pés descalços e sozinhos....
Pisando em espinhos sangrentos,
Deixados pelos talos das flores murchas pelos caminhos.
Das flores que eu n!ao dei,
E das que eu não recebi,
Das cações que não cantei,
E das poesias que não escrevi.
E quando a saudade dela me pega,
Faz-me voar por sobre meus pensamentos,
Minh'alma esta saudade rega,
Mas não mistura meus sentimentos.
É nela que eu penso diuturnamente,
É por ela que eu amanheço todo dia,
É dela o meu mais íntimo sentimento,
É dela a minha mais insana poesia.
É por ela que eu ando sobre pedras,
É por ela que caminho sobre vidros e pregos,
É para ela que eu vivo sem regras,
É por ela que espero e não a renego.
Então, ando por ai,
Entre sonhos, saudades e amando,
Ando, enfim, por aqui,
Cada minuto por ela, esperando.
Ela não se foi,
Nem por dentro e nem por fora,
Nem dela eu me fui,
E nunca desse amor, iremos embora.
Se me perguntares,
Por onde ando....
Digo-lhe, ando longe dos seus olhares,
Mas, lhe amando, esperando, sonhando.