Primavera presente

Na primavera de hoje

As flores estão mortas

Murchas e desmaiadas

Por excesso de calor, sol

e tristezas

Na primavera de hoje

O pólen também é natimorto

Dentro do centro das flores

E abortou outras possíveis primaveras

O lírio lá fora, em meio ao lamaçal,

Desafia a lógica estética e a higiene ortodoxa.

As papoulas lá fora gemem ao vento.

Num desvario lânguido.

E não sabem

que a insanidade é reinante.

Na primavera de hoje

Amarga vida é traduzida pelas

Flores silvestres

Pequenas, miúdas e tímidas

Nascem pelos cantos, nas frestas

Pelo desleixo ou distraição

Na primavera de hoje

As cores estão geométricas

Condensadas por uma luz espectral

Os amores secretos da primavera

não desabrocharam

Os segredos tidos pouco antes de dormir

Se apagam no sonho

De que é de novo inverno

E a friagem faz congelar o tempo

E a memória.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 22/09/2013
Código do texto: T4493279
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.