O poeta mais triste, é aquele que não tem coragem de ir
Entenda, sair por ai não é o mesmo que fugir
Vou porque não sou insubstituível
Porque sou apenas um amontoado de neuras e manias psicóticas
Vou porque se não fosse eu, poderia ser outro no meu lugar
Vou porque se não fosse eu, seria ele
Preferia que não fosse, mas agora não importa mais
Porque quando tu me leres, já estarei a milhas de Porto Alegre
Em cima de minha magrela, usando meu moletom rasgado
Com aquele velho olhar sonhador, que todo poeta jovem carrega
Antes de ir, vou deixar atrás da tua porta, uma caixa e uma chave, com meu coração
Talvez eu volte pra buscar
Ou volte só pra te visitar
Só para te perguntar, se tu ainda carrega aquele segredo
Aquele que eu te pedi pra guardar
A solidão que eu levei embora, foi para ela não mais voltar
E quando eu retornasse, tu estivesse lá
Esperando para me abraçar