Tudo aquilo que insiste tomar o seu lugar
É quando meu limite
Pede seu infinito
É quando corro pelo campo
E a cerca de arame farpado me deixa restrito
Arranhando-me o peito
Como rajada de vento com cacos de vidro
É quando sua boca
Ausenta-se em noites de lua laranja
Descascando minha pele
Deixando-me completamente despido despelado
Sangrando feito garrafa de vinho barato a esmo
Na madrugada e tombada numa mesa de boteco
É quando o dia amanhece
Sem que se perceba qual é a “feira”
Nada importa além daquela porta da sala
E fico à beira da cama
Fora dela tudo é precipício
E me aprisiono numa eterna queda livre
É quando não concluo um poema sequer
As letras escorregam pelo papel
E corro com um lenço pra enxugar
Mas é tarde...
A saudade é quente e evapora
Tudo aquilo que insiste tomar o seu lugar