Tudo aquilo que insiste tomar o seu lugar

É quando meu limite

Pede seu infinito

É quando corro pelo campo

E a cerca de arame farpado me deixa restrito

Arranhando-me o peito

Como rajada de vento com cacos de vidro

É quando sua boca

Ausenta-se em noites de lua laranja

Descascando minha pele

Deixando-me completamente despido despelado

Sangrando feito garrafa de vinho barato a esmo

Na madrugada e tombada numa mesa de boteco

É quando o dia amanhece

Sem que se perceba qual é a “feira”

Nada importa além daquela porta da sala

E fico à beira da cama

Fora dela tudo é precipício

E me aprisiono numa eterna queda livre

É quando não concluo um poema sequer

As letras escorregam pelo papel

E corro com um lenço pra enxugar

Mas é tarde...

A saudade é quente e evapora

Tudo aquilo que insiste tomar o seu lugar

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 29/08/2013
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