Amores Guardados

Calculou cada passo.

No compasso indolor

lançou-se no espaço.

Simulou um nó no tempo

E teve dó dos seus sonhos.

Chorou os seus enganos.

Viveu emoções incógnitas

como um completo estranho.

O livro estava empoeirado.

Reservado na prateleira

de poesias esquecidas.

Ela estava à vista, mas

imperceptível.

Emoções transferidas

para uma velha folha

de papel encardido.

Em um gesto instintivo

o livro um tanto despojado

e amarelado pelo tempo,

aguardava pacientemente

ser espanado e lido.

Esperara dia após dia

a musa inspiradora

desposar a poesia.

E a certeza de que as letras

seriam borradas pelas lágrimas

ressentidas.

E a confiança de um amor guardado

que em cada palavra existia.

Mas que a leitora desacreditou.

Então a flor brotou assim exaurida.

Mas agora lendo a poesia teve certeza

Ele sempre a amou, mesmo naquele dia

que ela disse adeus, o sonho acabou.

Ela guardou o livro e um baú velho.

Tranca-o na promessa de um talvez.

Não conseguiu se olhar no espelho.

Depois de tanto chorar pelo amor

desfeito mais uma vez.

Renato Rodrigues
Enviado por Renato Rodrigues em 21/08/2013
Código do texto: T4444237
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