Amores Guardados
Calculou cada passo.
No compasso indolor
lançou-se no espaço.
Simulou um nó no tempo
E teve dó dos seus sonhos.
Chorou os seus enganos.
Viveu emoções incógnitas
como um completo estranho.
O livro estava empoeirado.
Reservado na prateleira
de poesias esquecidas.
Ela estava à vista, mas
imperceptível.
Emoções transferidas
para uma velha folha
de papel encardido.
Em um gesto instintivo
o livro um tanto despojado
e amarelado pelo tempo,
aguardava pacientemente
ser espanado e lido.
Esperara dia após dia
a musa inspiradora
desposar a poesia.
E a certeza de que as letras
seriam borradas pelas lágrimas
ressentidas.
E a confiança de um amor guardado
que em cada palavra existia.
Mas que a leitora desacreditou.
Então a flor brotou assim exaurida.
Mas agora lendo a poesia teve certeza
Ele sempre a amou, mesmo naquele dia
que ela disse adeus, o sonho acabou.
Ela guardou o livro e um baú velho.
Tranca-o na promessa de um talvez.
Não conseguiu se olhar no espelho.
Depois de tanto chorar pelo amor
desfeito mais uma vez.