Qual o tempo de uma saudade?
De repente, quando eu nem pressentia,
Teu sorriso invadiu meu pensamento,
E esperei resignada pela saudade, que sei, viria.
Mentirosa a boca que diz que o pensar é livre
Sentido voluntário, invocado pela vontade
E que é insano recordar doída saudade.
Oh, como queria expressar essa vitória,
Mas como deletar da mente uma lembrança
Que nasce e cresce no templo da memória?
Tempos idos, vindos...Tanto faz!
Para a saudade o tempo é ineficaz.
Felicidade vai e vem no tempo sempre a correr,
Saudade chega, aquece e fica
E ninguém sabe nesta vida,
Precisar o tempo que carece pra morrer.
O tempo da saudade não o define ninguém,
Vai além da eternidade.
Ultrapassa a existência
Finda a vida e a gente vira saudade também.
Marisa Rosa Cabral, Dez de 2005