Place de la République (Cœur de Pirate)

(Antes de ler este poema, caro leitor, explico que o fiz no dia do avós, para a minha vó que faleceu a alguns anos)

Estávamos em minha mente...

Em uma cena inventada...

Na minha tentativa de despedida...

Ela olhava para baixo

Permanecia calada

Não queria nem sorrir

Estava no banco, sentada

Numa escuridão quase palpável

Sobre ela milhares de pequenos pontos

Lá, naquele céu negro infindável

Estrelas que lhe davam conforto

Eu a olhava com calma

Ela voltava o rosto para mim

Parecia doer-lhe a alma

Parecia próxima do fim

Quebrando o silêncio

Eu esboçava uma melodia

Cantava sempre para ela

Conhecia sua música preferida

Seus cabelos ao vento balançavam

Ela olhava-me com calma, cansada

No ritmo da musica seus dedos dançavam

Porém, ela permanecia calada

Olhos pesados infinitamente verdes

Ficava ainda a admirando

Pois fazia questão de perder-me neles

As lâmpadas iluminavam pouco

A praça ficara cada vez mais deserta

Meu coração batia oco

Com uma esperança incerta

Ficamos ali até amanhecer

Fazia menos frio agora

Observando o dia nascer

Junto dele os primeiros raios da aurora

Lembrei-me de todas brincadeiras

De todas as nossas risadas

Hoje, até então esquecidas

E há muito tempo passadas

Já era hora da despedida

Do seu tão esperado sono

Até breve, minha vó Ida

Dei-lhe adeus, naquela tarde de outono.

Gabriel Soares
Enviado por Gabriel Soares em 03/08/2013
Código do texto: T4417554
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