Place de la République (Cœur de Pirate)
(Antes de ler este poema, caro leitor, explico que o fiz no dia do avós, para a minha vó que faleceu a alguns anos)
Estávamos em minha mente...
Em uma cena inventada...
Na minha tentativa de despedida...
Ela olhava para baixo
Permanecia calada
Não queria nem sorrir
Estava no banco, sentada
Numa escuridão quase palpável
Sobre ela milhares de pequenos pontos
Lá, naquele céu negro infindável
Estrelas que lhe davam conforto
Eu a olhava com calma
Ela voltava o rosto para mim
Parecia doer-lhe a alma
Parecia próxima do fim
Quebrando o silêncio
Eu esboçava uma melodia
Cantava sempre para ela
Conhecia sua música preferida
Seus cabelos ao vento balançavam
Ela olhava-me com calma, cansada
No ritmo da musica seus dedos dançavam
Porém, ela permanecia calada
Olhos pesados infinitamente verdes
Ficava ainda a admirando
Pois fazia questão de perder-me neles
As lâmpadas iluminavam pouco
A praça ficara cada vez mais deserta
Meu coração batia oco
Com uma esperança incerta
Ficamos ali até amanhecer
Fazia menos frio agora
Observando o dia nascer
Junto dele os primeiros raios da aurora
Lembrei-me de todas brincadeiras
De todas as nossas risadas
Hoje, até então esquecidas
E há muito tempo passadas
Já era hora da despedida
Do seu tão esperado sono
Até breve, minha vó Ida
Dei-lhe adeus, naquela tarde de outono.