Manhã de Domingo

Um vazio agudo rasga o peito

De novo, não há nada pra sentir

Ou há coisas demais

Sei lá distinguir.

Os seus olhos, sempre tão frios

Os seus toques, sempre tão secos

Palavras jogadas fora, e agora

Estou aqui, inerte.

Leio uma carta, pego papel e caneta

Escrevo versos soltos

Pensando em seu rosto

E em tantas poesias

Guardadas na gaveta.

Quando foi que me transformei nisso?

Volto pra cama, esfrego meus olhos

Pego o cobertor e viro pro canto

Não sei qual o objetivo,

mas por algum motivo

Espero ver-te em meus sonhos.

Ajeito o meu corpo

E desenho seu sorriso na parede

Na ânsia de matar a sede

Que ainda sinto de ti.