Por que lamenta?
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Se inspiro,
machucando ossos,
conforte-se! Transpiraremos a dois...
No bailar da rede, as molas tremerão!
A desarmonia ainda existirá, mas em razão da pressa...
Serão dois sedentos corpos;
e um bailar a quatro mãos, esvaziando toda sede!
Então excito? Que delícia!
Minhas curvas foram delineadas por artífice singular...
Quando findar o distanciamento, obliterado pelo Oceano,
recriaremos cenas, nas ondulações do nosso navegar.
Explore-me as curvas, já dei as pistas...
Pode ter pressa, meu grito exige – ele urge.
E das janelas, os vizinhos, virão nos observar.
Por que a saudade maltrata?
Os irracionais carecem desse tempero...
Que emoção existe na reprodução das bactérias?
Elas apenas se multiplicam, sem doação, mero monismo!
Se inspiramos, não existe nenhum cinismo.
Tresloucados, claro! Para que tanta consciência?
Apenas busquemos... Amar, amar sem controvérsias!
Ah, o novo dia...
Sinto o Sol – ele me arde a pele.
Tenho calafrios sem nenhuma explicação.
Bati a faca, machuquei o dedo.
E, da boca, emergiu o gosto de sangue.
Gritei! E você me ouviu no além-mar.
Novo grito, novo deleite – meu corpo sangra, quer mais!
Ah, saudade! Saudade...
Entreposto sutil do reencontro delirante.
Já sinto os ares me chamando: “Hora de ir!”
E o torpor que me embebe a eterna guia,
limpando a tela da paisagem austral,
externa-se no sorriso, no brilho do olhar.
Deveria. Sim, deveria... deveria gritar!
Voando, aguarde-me... Preciso pousar.
Buenos Aires, 16 de Julho de 2013.
14h02min
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