Entre lamentações
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A saudade inspira.
A dor da ausência machuca os ossos!
E na transpiração solitária,
ao recordar a emoção dos corpos,
rutilamos os poros em desarmonia:
um corpo quente, que tudo pede;
e mãos enxertadas de primorosa sede!
A saudade instiga.
Por onde andará aquele corpo poético?
Distante, reinvento seu singular arquétipo;
redesenho cenas e agitações minimalistas.
vou buscando e achando pistas...
Sem pressa, pois o tempo não me urge.
E das janelas da consciência, a paz exsurge.
A saudade maltrata.
Relativiza o tempo, desacelerando batimentos...
Felizmente, não cessa o pulsar das artérias.
Sem esperar a singularidade típica do dualismo,
somos fonte inspiradora do cinismo,
tresloucado e revelador da inconsciência:
Ah que esplendorosas buscas e tormentos!
A saudade renova.
Sim, à medida que nos põe à prova.
Entendendo a vida como glosa,
desmantelando a cabeça do martelo...
Eis que me encontro quase lá!
Olhos fechados, projeto-me no anelo
imponderável, desejando-o sem cessar.
Ah, saudade! Saudade...
Sinonímia de maldade sufocante.
Quando nos aflige, sem avisar;
embora sendo breve, um instante,
torna a lucidez loucura fulgurante,
estultice da penúria e do pesar.
Deveria estar comigo e me amar.
Por que não está?
Buenos Aires, 16 de Julho de 2013.
13h09min
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