MARATAIZES
MARATAÍZES
Heliana Maria Soares
Voltei à saudade que me trazia ao recôndito de teu ser.
Em plena nostalgia, relembrei o que por aqui vivi.
Foram sonhos que se perderam, realidades que não aconteceram,
histórias fragmentadas pelo tempo que passou.
Marataízes que me viste menina,
meu corpo ainda tem o cheiro das tuas praias,
meus sonhos ainda têm partículas das tuas areias
e minha boca o gosto fecundo das tuas águas.
Eu sou toda lembrança do tempo passado,
do beijo roubado,
do olhar capturado,
onde minha alma foi abarcar.
Marataízes dos grandes amores,
Dos olhos sedutores,
perdidas paixões
e eternas ilusões,
como esquecer-te
se, ao perder-te,
descobri que nunca afastei-me de ti?
Ah! Saudade insana que devasta e me chama
para de novo em ti repousar.
Quero trazer à lembrança toda a história que aqui vivi:
as estradas de terra que percorri ,
a mata fechada ,
impedimentos vencidos para aqui chegar.
Quero me recordar
da caminhada que fazia a pé
pelas praias da areia preta e lagoa do Siri,
quiçá passear pela praia principal
para ver o arrastão chegar,
à tardinha me arrumar e ir assistir ao vôlei na praça.
Foi um tempo breve que, em minha vida, se findou,
entretanto a espuma das tuas águas trazem-me de volta à memória
esses momentos vividos, deixando nos meus olhos uma lágrima
que, adentrando o teu mar,
mistura a saudade com a alegria de voltar.
Marataízes, fico assim, estonteante, querendo navegar
nas recordações desta terra aonde vinha veranear.
Ah! Marataízes, como deixar de te amar,
se minha vida alada à tua sempre vai ficar.
Hoje retorno, criança que vem a ti brincar.
Quero molhar meu corpo nas tuas águas
e no profundo do teu ser velejar ,
fazer castelos de areia nas tuas praias e novamente sonhar...
Marataízes do meu tempo de menina,
voltei aqui pra te dizer: para sempre vou te amar!