Razões ao tempo

Tenho razões para dizer ao tempo

Que a saudade já me envolve, domina e pertence

Ignora a minha vontade

Pois o quão a sua presença é querida

E a sua partida o meu coração não quiseste.

Tenho razões para dizer ao tempo

Que a tristeza em mim antecipa

Inexplicável de não ter mais você em meus dias

Como uma estrela que brilha ao céu

Mas não está presente em noites de inverno.

Tenho razões para dizer ao tempo

Que um sorriso estará ausente, de uma amizade

Fico descontente, a nostalgia contraria-me

Como se algo andasse contra o vento

Quantas palavras foram ditas, e tantas ouvidas, construídas, vividas.

Tenho razões para dizer ao tempo

Deste último abraço que fará marcante

Da lembrança, do convívio, da presença

Como a simplicidade da brisa, a confiança do equilibrista

Da alegria do animador, ou quem sabes a segurança de um paraquedista.

Tenho razões para dizer ao tempo

Das saudades de um aperto de mão, das manhãs

Como o sol e o amanhecer

Que se encontram para mais um dia

Do brilho das águas, da frieza da chuva, a nostalgia.

Tenho razões pra acusar o tempo

De passar desesperado

De não esperar nem mais

De sentir saudade dos seus gestos

Das exigências, dos detalhes, dos caprichos.

Tenho razões para dizer ao tempo

Que até aqui eu dominava as minhas lágrimas

Tento agora nesta despedida, mas insistem cair sobre os meus olhos

Sim, lembrarei dos momentos compartilhados

Do excesso de felicidade, que agora transforma-as em lembranças

De tudo que aprendi, errei, acertei e construí.

Tu já cobres me de saudades

Como a névoa numa estação

Porque precisas ir, porque foste

Mas sua essência ficaste aqui.

Para o meu coração não foi previsto, nem combinado

A sua partida deixará saudades, simplesmente!

As atitudes, a voz modulando os tons

As sílabas, os acordes dos gestos, as atenções

Recitando falas como poesia, conto

Você é importante como tu és...

Como o canto de um pássaro no outono.

Quando mesmo foste

Entregará a sua saudade em meu coração

Mas o tempo irá construir razões para encontrar-nos novamente

Como sol e a primavera, que exalta seu brilho e suas flores

E que se vão horizonte afora...

Há razões ao tempo

Para entristecer eu

Mas ao mesmo tempo alegro-me com a mesma razão

Pois o sol e a primavera voltam a se encontrarem em outrora, numa nova estação.

Doni Pereira
Enviado por Doni Pereira em 11/07/2013
Reeditado em 19/09/2013
Código do texto: T4382114
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