O pretérito conjuga suas lembranças
Nessa tarde azul
Acompanhado pelo canto do pássaro
Extinto
Que ajuda trazer o verbo passado
Num subjuntivo presente
Tempo em que as flores estavam
Nas janelas
E no cabelo dela
E o poeta trazia o lírio na lapela
Com seu último poema guardado
Na algibeira
Tempo em que a viola declamava
Seus acordes ao luar
E o balé do boto e das andorinhas
Era um delírio pra olhar
Nas tardes mornas de tacacá
E pimentas quentes
Tempo em que as galáxias
Ainda eram estrelas
Que conversavam com a gente
Nas madrugadas
E podíamos tocar na pele
Da lua
E chorar pela amada
Tempo de amar profundamente
Por que o amor era uma resolução
Determinada pelo coração
Publicado em versos irrevogáveis
Nas paredes embriagadas das tabernas
Que nem os cubos de gelos cristalinos
Nos copos de gim derretidos
Desfaziam
Tempo que foi embora
E tudo levou
Deixando apenas as lembranças
Que gostam de voltar
Nestas tardes azuis
Nos cantos deste pássaro
Reencarnado.
Luiz Alfredo - poeta