Páginas Sobre a Areia


Ficou o caderno aberto,
As letras desbotando ao sol,
Os poemas morrendo de sede,
A capa sendo carcomida, aos poucos,
Pelo que antes, fora a vida.

Ninguém recolheu as palavras,
Ninguém fechou o caderno,
Porque o autor, já ausente,
Não deixou nenhum herdeiro...

E assim, o destino das folhas,
Era o de serem aos pouquinhos,
Apagadas pelo vento,
Enterradas pela areia,
Desbotadas pelo sol...
E os poemas,
Ah, os poemas?...

Seguiriam, num rastro de estrelas
(Quando nada mais restasse
Daquele pobre caderno),
O seu criador.

A dor de um poema, ao morrer,
É bem maior que qualquer outra dor.



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Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 20/06/2013
Reeditado em 29/01/2024
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