Lembranças
Dos meus tempos de guri,
lembro das quantas coisas passei,
é um tempo que jamais esquecerei,
das brincadeiras que eu fazia,
era um tempo a cada dia,
uma entrega para as rédeas da vida,
ninguém vivia no abandono,
todos se ajudavam como podiam,
troca de favores e carinho,
onde os mais próximos se conheciam,
extraordinárias eram as festas juninas,
onde o povo da redondeza se reunia,
preparada com alguma antecedência,
e assim o nosso tempo passava,
aos domingos era sagrado o recanto,
vinham pessoas de todos os cantos,
desfrutar da deliciosa prainha,
o remanso na entrada do rio,
cercado de uma beleza esplendorosa,
debaixo das árvores toalhas frondosas,
famílias inteiras, piquenique faziam,
ao sabor dos mais róseos devaneios,
mesmo como as diversas dificuldades,
não tendo o que comer e vestir,
num frio que até a alma congelava,
com pés no chão descalço eu andava,
foram os espinhos agruras da vida,
loucuras que foram superadas,
ainda não que totalmente todas,
a cada dia procuramos novas fronteiras,
carregando no peito a saudade,
dos tempos que fui criança,
carrego meu espírito jovem no peito,
como se pudesse voltar a este tempo,
acendendo o estopim guardado aqui dentro,
do simples e humilde mesmo que fui,
hoje me encontro um homem adulto e feliz.
Celso Ant. Dembiski