Fragmentum
Eu parada ali na penumbra da tarde.
Diante do mar, repleto de mil ondas
revoltas...
Revolvendo o fundo do oceano
as areias dormentes do passado.
Lembranças fragmentárias.
Meus sentimentos cíclicos e
paradoxais
estavam quarando ao sol poente.
Tons de vermelho mancham
o horizonte
fazendo uma linha fogo e fúria.
Um abismo quente e profundo
feito um corte.
Esperava mais dessa tarde.
Esperava mais dessas ondas.
Da brisa marinha que trouxe
notícias de longe.
Esperava que as notícias
me surpreendessem...
As palavras, os gestos,
a carência
no canto do olho,
no sorriso desconcertado...
a mão em cadinho
de carinho socado e
reticente.
Fiquei feliz.
Meus olhos viram em você.
a juventude que tive
e já se foi.
O enorme afeto
fragmentado em gestos
e silêncio.