Sabiá Exilado
Eu nem sabia
Que o sabiá que cantava ali
Tinha sido preso
Por desacato a autoridade
E que tinha sido solto
Sobre fiança
E estava sob vigilância
A autoridade que o prendeu
Não suporta canto de pássaro
Com sabor de laranja
E o sabiá laranjeira
Não obedeceu
Cantou no dia que amanheceu
Naquela doce palmeira
Como se o dia fosse seu
Cantou como se o dia
Fosse um poema de Gonçalves
Dias
Como se o Brasil fosse de flores
E poesia
E só morrêssemos de saudade
Deste céu azul
Exilado do rouxinol uirapuru
Bem – te - vi uai pi e da nambu
Sem poder voltar
Pro meu sabiá
Que agora está proibido
De cantar.
Luiz Alfredo – poeta