Mãevó.

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dobrava os lençóis do mesmo lado da cama

sentadinha, cantando: "hum, hum, hum, hum,hum,hum..."

mãevó começava o dia com música de ninar,

pra ninar o rio, dizia,

pra amansar o mar.

Ninar a vida embalada de redes,

emboladas de lençóis brancos de areia...

Mãevó dobrava o espelho em dois

pra que em cada face, fase,

se pudesse ler do inverso no verso

as palavras secretas da água.

De tanta saudade de ninar mar, meu olho é d'água,

minha vista se perde: saudade tem fim não,

tem é essa água de colônia, esse cheiro de travesseiro,

de vestido de chita. Saudade tem colo

e minha vista estreita.

São os olhos de mãevó que me carregam...

Por que essa saudade, mãevó?

Mãevó contou pra mim:

saudade embala os sonhos,

embala a casa de águas

e enreda de novo, o tudo de novo e tudo de novo

...........................................

saudade é o mar, o mar, minha pequena.

Patrícia Porto

Patricia_Porto
Enviado por Patricia_Porto em 10/05/2013
Código do texto: T4284225
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