Análise

Ao olhar-se no espelho, percebe que já não se reconhece.

Vê que tudo o que ensejava já não mais lhe interessa.

Nota que seus olhos já não têm mais o habitual brilho.

Constata que sua voz já não denota alegria.

Seus sorrisos são meras ilustrações de um coração partido.

Ao olhar as antigas fotos, sente falta de si mesmo.

Descobre que seus atos não correspondem ao seu Eu.

Sente que sua vida não seguiu a rota já estabelecida.

Vê que quem posou para as fotos está desaparecido.

Os gestos, os olhares, as palavras... Adormecidos.

Atende ao telefone, do outro lado, uma voz há muito esquecida.

- Olá, como vai você? Diz a voz há tempo perdida.

- Com saudades da vida antiga!

(3 de novembro de 2012)