A parada do anjo

Da sombra da nuvem, fim do mar,

caiu o anjo.

Molhadas as asas, nunca mais voou.

À frente de meus olhos canta sorridente

sem se lembrar de onde

nunca mais voltou.

Eis-me meu, amor dos outros,

queda-te de vez em minha voz,

fala o que quiseres,

fecha-te em minha porta,

a da alma escancarada,

foge agora, até,

vai embora dessa estrada

mas sem nunca me deixar

de asas molhadas.

Volta sempre, anjo bom,

aos sonhos que me dou.