Perfume gasto...

Retratos de infância,

pensando, reli,

escrevendo guardei,

sentindo-os chorei,

ainda apaixonado pela vida.

É tudo o que tenho

guardado no peito,

manchado de medo,

desnudos segredos

que algum dia vivi.

Hoje, já velha e madura

a foto rasgada,

flor murcha doída,

triste e despetalada

um velho choroso que não ri.

Retratos de infância que o vento levou

dão-me ainda a saudade

que o tempo gastou...

Sou alma, sou corpo sou simples perfume,

sou fino desgosto

que o tempo gastou.