VOZ DA VIDA (Adeus ao meu paizinho, 12 anos de saudade)

Acordou a manhã silenciosa, quase em pranto

recebeu o sol, como se um estranho lhe fosse

nuvens carregadas de um cinzento triste

tentaram esconder a luz como se compreendesse

Aquele manto cobrindo toda a terra ainda fria

como a querer preservar o silêncio daquela noite

apagou enfim a luz que em vão tentou brilhar

e no desespero choraram as lágrimas companheiras

Céu e terra aproximaram-se por um momento

uma mesma angustia unia aquelas faces

talvez num instante único compreendessem

que as dores iam além de qualquer distância

Rasgou-se o véu, apagou a luz do olhar

fechou as portas rumo à última passagem

cerrou os lábios, calou todas as palavras

sepultou o sorriso e naquela noite adormeceu

Célia Jardim

Célia Jardim
Enviado por Célia Jardim em 04/05/2013
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