Tempos Passados
Infância que o tempo não trás
Lembranças que o tempo não vai apagar
Saudade de tempos atrás
Guardadas na memória, que jamais sairá
Que criança levada, alegre e arteira
Mandona, briguenta e imponente
Tirava o sono até de Dalva, a enfermeira
E não se cansava nem quando vinha o poente
Numa pacata cidade do interior
Vivia feliz com a sua família
Lá tinha carinho, tinha amor
E adorava bolo de baunilha
Feito com delicadeza e calor
Das mãos suaves e fofas
Com muito resplendor
Da sua avó Elzira!
Com Tia Iracema era um xodó
Um amor que tempo não destrói
Com ela parecia tudo melhor
Infância feliz que o tempo não corrói
Tia amada do meu coração
Quantos encontros e desencontros
Neste vasto mundão
Queria com um sopro
Te tirar da escuridão
Abrir os teus olhos, para este mundão!
Na escola, no jardim, na praça, no calçadão
Tudo era motivo de festa, tudo era burburinho
Sem falar na época de exposição
Que queria ficar o tempo todo no parquinho
Tempo, tempo, tempo... saudade que não desfaz
O mundo era visto de longe
Um medo que não existe mais!
Agora tem saudade?
Tem lembrança
E aquela bondade?
Hoje o tempo é desconfiança
Seria maldade?
Não. Seria semelhança
E qual a sua idade?
Já não sou nenhuma criança!
Mas me resta lealdade
Da minha doce infância
Minhas sutis conquistas, minha ingênua bondade
Quero mais audiência
Para seguir com agilidade
Paciência? Onde achaste?
Não sei... preciso encontrar
Segurar pelo caule, segura pela haste
E não deixá-la escapar