CRUZ FINCADA JÁ MEIO INCLINADA
Era um caminho bem atalhador!
Paisagem sobre a mira dos olhos
Nada melhor do que uma bela viagem
Por esse mundo afora.
Em cada lance das estradas
Era mais um susto que se tornava
A verdadeira atenção
De uma enorme quilometragem já rodada.
O carro sobre efeito de velocidade
Fazia seu papel esperado
As paisagens ficavam para trás
Estáticas saudando outros que passavam
Seguia meio casmurro com meu pensar:
Muitas saudades das crianças e da minha amada
Que daquele cidade me distanciava
E naquele momento parecia mas retroagir.
Não sei se era o dia de ir ou vim:
Apenas me conspirava um desejo
De poder chegar ao destino
que anteriormente havia traçado.
O mais engraçado que sempre
Por ali já passei em noites chuvosas
E no sereno da madrugada cansado
As vezes parava para descansar.
Descansar para depois prosseguir
Afinal tinha uma carga para entregar
Era um uma obrigação que me facultava
De chegar e entregar no destino rotinado.
Já rompi diversas estradas e caminhos lamacentos
Cortei sertões afora
Levando o progresso ou passeando
No meu simples automovel.
Porém em um belo dia chamou-me a uma triste observação:
Foi ver na beira de uma estrada deserta
Aquela cruz fincada, carcomida, já meio inclinada
Que exclamava:Saudade de alguém que aqui morreu.
JOSÉ ANTONIO S. CRUZ