Perfume agridoce

Sinto o aroma daqueles dias, um perfume agridoce de juventude.

Temperado com pétalas de sua sabedoria precoce.

Um Werther da atualidade, sem sua Charlotte.

Um inconcluso ponto e virgula, em um mar de pontos finais.

Naquele tempo, eu acreditava poder resgatá-lo.

Em meu castelo de ilusões eu seria aquela que te resgataria.

Da areia movediça que ameaçava devorar tua alma.

Mas eu nunca pude ser a corda que te reconectaria ao mundo.

O conto que tecemos, do crepúsculo ao alvorecer de cada toque da Aurora.

É como um baú de fadas em que as páginas amontoam-se.

Em memórias, de um sentimento rosado, com mesclas escarlates e esmeraldianas.

De um sonho que jamais se concretizou.

Os fantasmas alquebrados de um passado repleto de cicatrizes.

Aprisionava-me em receios que dominavam a minha alma.

Eu não podia perdê-lo. Você era o futuro que eu almejava.

A rocha em meio as tempestades.

Em meio as lágrimas nas obscuras noites que me encobriam.

A linha vermelha que eu tanto desejava se rompia.

E meu amado encantado.

De mim foi levado.