SAUDADE DE CORRENTINA

Bateu uma saudade
uma saudade bem que bateu
no fundo da minh'alma
mas foi o peito que doeu

Há tempos eu não sentia
uma saudade impertinente
quando chega ela demora
e machuca o corpo da gente                    saudade da  patota

Saudade desse povo
saudade desse rio
saudade dessa praça
saudade do barril saudade da patota
saudade de todo mundo
saudade da radiola


saudade da geladeira
saudade da penteadeira
saudade da hortaliça
saudade da jardineira                               saudade da escola ... saudade é muito bom
senti-la de vez em quando
senti-la a vida inteira
é estar sempre em prantos

O choro de uma saudade
correm lágrimas bem tranquilas
mas o volume é tão grande
que enche uma garrafa de tequila

Saudade do matão
saudade do sertão
saudade da caatinga
saudade do verão                                       saudade do  ranchão


Saudade do buracão
saudade do boeirão (o bueiro de Militino)
saudade da enxurrada
saudade do Ranchão

Saudade das comportas
saudade da barragem
saudade das usinas
saudade das lamparinas

Saudade da Ponte Velha
saudade do lampião
saudade da fazenda
saudade do areião                             

Saudade me faz cantar
saudade me faz chorar
saudade me faz viver
saudade me faz lembrar

Trinta e seis anos morando aqui
e somente doze ausente de lá
mas é difícil ficar um só dia
sem lembrar desse lindo lugar

Correntina que me viu nascer
Correntina que me viu crescer
Correntina que me deu o dom
Correntina que me deu o saber

Saudade é um sofrimento
um sofrimento que não dói
às vezes só machuca
ela tá sempre dentro de nós





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Foto de abertura: A casa onde nasceu e viveu o poeta dos versos, Claudemiro Rocha
SP., 04/04/13