Saudades querubins
Quatro primaveras...
Quatro pés fico eu:
Animal feroz.
Saudade atroz.
Quatro cantos do apartamento.
Quatro gritos... mudos.
Quatro mundos... meus.
Dividida... e eu queria multiplicar...
Amores... sem dores...
Sem partidas... só chegadas.
Quatro pontos... cardeais.
Perdida sou.
Quatro amores...
Quatro flores...
Na primavera de mim.
Duas são dores...
Da saudade, enfim:
Uma... saudade sem fim.
Duas saudades - o melhor de mim.
Uma... saudade sem jeito...
Sem retorno... sem remédio... só efeito.
Colateral... Essa que hoje sou.
Saudades do que fui...
Das primaveras de mim.
Dos sonhos de quimeras todos...
Nunca pisados jardins.
Nunca amarrotados pelo tempo veloz.
Saudades assim... em quatro tempos.
Quatro tempos de mim.
Dispo-me... E olho-as de longe: quatro flores.
Tento tocar-lhes as faces.
Mas desfazem-se... duas saudades.
Duas esperam-me... reconhecem-me...
E eu nem sei explicar como.
Essas duas saudades, meus querubins.
Anjos de mim.
Karla Mello
20 de março de 2013